
Neste tempo em que a vida é super acelerada, ou parece que estamos sempre ficando para trás, onde temos objetivos e obrigações o tempo todo, estamos constantemente correndo atrás de nossos objetivos. Essa tem sido a realidade de muitas pessoas hoje: não conseguem parar, ficar paradas ou se acalmar. Estão sempre tensas, pensando: "Preciso fazer a próxima coisa." Isso acaba gerando estresse.
Na verdade, é provável que você já tenha se estressado hoje: talvez ao bater o dedo do pé naquela mesinha, quando seu chefe lhe deu uma bronca, ao perceber que uma atividade da faculdade já estava atrasada ou ao brigar com sua namorada ou namorado. Tudo isso gera estresse. Mas, afinal, o que é o estresse?
O que é estresse?
O estresse não é algo exclusivo para nós, humanos; todos os seres vivos podem entrar em situações de estresse. Na verdade, o estresse é uma resposta importante para a sobrevivência de qualquer ser, pois é uma reação a situações novas ou ameaçadoras que nos coloca em um estado chamado de "luta ou fuga." Um animal, por exemplo, entra em situação de estresse por várias razões: falta de alimento, um predador tentando caçá-lo, ou até mesmo no momento em que está caçando outro animal. Dentro do corpo, ocorrem reações tanto neurológicas quanto físicas para reagir ao estímulo. Isso também acontece com a gente ao nos estressarmos. Esse mecanismo é muito importante para nós, pois nos ajuda a nos adaptarmos a situações novas e desafiadoras, embora seja essencial entendermos como usá-lo da maneira correta para evitar os efeitos negativos do estresse crônico (Sapolsky, 2000).
Causas do Estresse
Hoje, é raro que uma ameaça física real, como a presença de um lobo, esteja nos ameaçando. Contudo, ainda podemos ficar estressados em inúmeras situações, desde que nosso corpo e mente interpretem uma situação como ameaça. Aqui estão algumas formas como isso pode ocorrer:
- Fatores Físicos Vamos começar com um perigo real, que coloca nossa integridade física em risco. Imagine que você está caminhando tranquilo e, de repente, encontra uma cobra no caminho – ou, para alguns, até uma barata pode ser o suficiente. O que acontece? Seu corpo entra em alerta e a tensão é imediata. Esse é um exemplo de fator físico de estresse. Esses fatores estão diretamente ligados a ameaças reais e, de alguma forma, colocam nossa integridade física em risco. É uma resposta natural de sobrevivência, que já faz parte de nós desde os tempos mais antigos. Pense em correr de um animal selvagem ou fugir de uma situação arriscada. Esse tipo de estresse não deixa dúvidas de que estamos em perigo, e o corpo se prepara para enfrentar ou fugir (o famoso “luta ou fuga”). Nesse processo, o coração acelera, os músculos ficam tensos e o sistema todo se mobiliza para garantir que a gente saia dali em segurança (Selye, 1976).
- Fatores Sociais Outra situação de estresse é aquela onde ocorre o medo de como suas ações serão vistas por outras pessoas. Quando falamos de estressores sociais, o perigo físico geralmente não está presente, mas o estresse ainda é real. Estressores sociais estão ligados às nossas relações e interações. Imagine o friozinho na barriga quando você vai falar em público, o desconforto ao conhecer novas pessoas ou a ansiedade ao pensar em se declarar para a pessoa que gosta. Mesmo sem um perigo físico, seu corpo interpreta essa situação como uma ameaça, mas, neste caso, a ameaça é ao nosso "status social" ou à forma como somos vistos pelos outros. Esse tipo de estresse surge em situações de pressão social, como no trabalho ou em um encontro. E, mesmo sem perigo “real,” as ações fisiológicas do corpo são as mesmas que quando se trata de um estresse físico, o que pode causar problemas a longo prazo (Lazarus & Folkman, 1984).
- Fatores Psicológicos Por fim, temos os fatores psicológicos. Esses são mais sutis, porque, ao contrário dos outros, muitas vezes são desencadeados pela nossa própria mente. É aquela preocupação com prazos, metas ou até mesmo a ansiedade antes de uma entrevista importante. Aqui, não existe uma ameaça real e imediata, mas nosso cérebro cria a sensação de perigo. É como se a mente estivesse “imaginando” um risco possível, criando cenários que não existem fisicamente, mas que ativam o estresse mesmo sem um motivo físico ou social concreto. Esse tipo de estresse pode ser o que você sente ao se preocupar com um problema no futuro, mesmo que ele ainda nem exista. O problema é que, com o tempo, esse tipo de estresse constante pode levar ao desgaste emocional e ao burnout (McEwen, 2007).
Como pode ver, há muitas formas de se estressar, que vão desde ameaças reais a problemas nutricionais e situações psicológicas. Mas quais são os benefícios e malefícios do estresse no corpo?
Efeitos do Estresse
O estresse pode afetar o corpo de várias maneiras, e ele geralmente se apresenta de duas formas: agudo ou crônico.
- Estresse Agudo: Esse tipo de estresse é uma resposta imediata e de curta duração a uma situação específica. Ele pode ser útil em momentos de perigo, pois prepara o corpo para enfrentar ou escapar rapidamente do desafio. Geralmente, o estresse agudo desaparece assim que a situação estressante passa, e o corpo retorna ao seu estado normal. Exemplos incluem sustos repentinos, desafios pontuais ou atividades que exigem muita energia (Sapolsky, 2000).
- Estresse Crônico: O estresse crônico ocorre quando estamos expostos a situações estressantes por um longo período, como preocupações financeiras, conflitos familiares ou uma rotina de trabalho exaustiva. Diferente do estresse agudo, ele mantém o corpo em um estado constante de alerta, liberando continuamente hormônios como o cortisol. Esse tipo de estresse pode causar desgaste a longo prazo, aumentando o risco de condições graves de saúde (McEwen, 2007).
Você pode estar se perguntando: em quais situações e sintomas devemos prestar atenção?
Efeitos e Sintomas do Estresse Agudo e Crônico
Os efeitos do estresse podem ser físicos e psicológicos, e os sintomas variam dependendo se estamos enfrentando um estresse agudo ou crônico.
Sintomas Físicos de Estresse Agudo e Crônico
- Estresse Agudo:
- Aumento rápido dos batimentos cardíacos
- Respiração rápida e curta
- Tensão muscular (especialmente no pescoço e ombros)
- Sudorese (mãos e corpo)
- Dor de cabeça passageira
- Sensação de "frio na barriga" (Selye, 1976).
- Estresse Crônico:
- Pressão arterial elevada
- Dores musculares frequentes (nas costas e no pescoço)
- Fadiga constante e dificuldade para dormir
- Problemas digestivos, como azia ou dor de estômago
- Imunidade baixa, com maior frequência de resfriados
- Problemas cardíacos a longo prazo (McEwen, 2007).
Sintomas Psicológicos de Estresse Agudo e Crônico
- Estresse Agudo:
- Irritabilidade momentânea
- Sensação de sobrecarga ou nervosismo
- Dificuldade momentânea de concentração
- Ansiedade ou sensação de pânico breve
- Reações impulsivas e imediatas a uma situação (Lazarus & Folkman, 1984).
- Estresse Crônico:
- Ansiedade persistente e transtornos de
humor
- Depressão ou esgotamento emocional (burnout)
- Dificuldade prolongada de concentração
- Insônia ou sono de baixa qualidade
- Pensamentos obsessivos ou preocupações constantes
- Sensação de desmotivação e apatia (Lazarus & Folkman, 1984; McEwen, 2007).
Esses sintomas são maneiras que o corpo e a mente utilizam para nos alertar sobre a necessidade de reduzir o nível de estresse. Enquanto o estresse agudo pode ser passageiro e até útil, o estresse crônico exige atenção para evitar consequências mais graves à saúde.
Como Tratar o Estresse para Beneficiar a Saúde
Vivemos em um mundo acelerado, com pressões que não parecem dar trégua, e lidar com o estresse se tornou uma habilidade essencial. Então você pode se perguntar como fazer isso como aprender a gerenciar o estresse, como podemos tirar vantagem dessa energia extra e usá-la a nosso favor. ? Vamos explorar algumas maneiras eficazes e práticas de fazer isso!
1. Exercícios Físicos: Movimente-se!
A atividade física é uma das formas mais poderosas de aliviar o estresse. Quando nos exercitamos, nosso corpo libera endorfinas, conhecidas como “hormônios da felicidade.” Essas substâncias ajudam a melhorar o humor e a reduzir a sensação de tensão (McEwen, 2007). Exercícios regulares, como caminhadas, corridas, dança ou até uma pedalada no parque, ajudam a mente a se desconectar dos estressores diários. Além disso, o exercício fortalece o sistema cardiovascular e melhora o sono, dois fatores que ajudam a manter o estresse em níveis saudáveis.
2. Práticas de Relaxamento: Respire Fundo
As técnicas de relaxamento, como respiração profunda, meditação e yoga, são grandes aliadas no combate ao estresse. Essas práticas ajudam a diminuir a frequência cardíaca e a relaxar os músculos, favorecendo um estado de calma e clareza mental. O ato de focar na respiração é particularmente eficaz, pois “desliga” o sistema de luta ou fuga, ativando o sistema de repouso do corpo (Sapolsky, 2000). Ao incorporar essas técnicas no dia a dia, é possível enfrentar os desafios com mais serenidade e presença.
3. Alimentação Equilibrada: Coma Bem, Sinta-se Bem
O estresse crônico pode desregular nosso apetite, nos fazendo comer em excesso ou ignorar as refeições. Manter uma alimentação equilibrada é essencial para o bem-estar, já que os nutrientes certos ajudam o cérebro a se manter saudável e a reagir melhor aos estressores (Selye, 1976). Alimentos ricos em antioxidantes, como frutas, vegetais e grãos integrais, ajudam a combater os radicais livres liberados em momentos de estresse e aumentam a sensação de bem-estar.
4. Conexão Social: Conversas e Apoio
Manter-se conectado com amigos, familiares e colegas de trabalho é uma maneira valiosa de reduzir o estresse. Estudos indicam que as interações sociais liberam ocitocina, um hormônio que promove sensação de confiança e bem-estar. Compartilhar seus sentimentos e experiências pode aliviar o peso do estresse, além de oferecer novas perspectivas para lidar com os desafios (Lazarus & Folkman, 1984).
5. Estabeleça Limites e Administre seu Tempo
Aprender a dizer “não” e a definir prioridades é essencial para gerenciar o estresse. Com tantas tarefas e obrigações, a sobrecarga é uma causa comum de estresse crônico. Separar um tempo para atividades que trazem prazer, como hobbies ou descanso, contribui para uma vida equilibrada. Estudos mostram que o descanso e o lazer ajudam o corpo a restaurar suas energias e reforçam nossa resiliência para lidar com novos desafios (McEwen, 2007).
6. Terapia e Apoio Profissional
Quando o estresse é persistente e difícil de controlar, buscar a orientação de um psicólogo ou terapeuta é uma decisão sábia. Profissionais qualificados utilizam técnicas cientificamente comprovadas, como a terapia cognitivo-comportamental (TCC), para ajudar a entender e modificar padrões de pensamento que alimentam o estresse. A TCC, por exemplo, ensina estratégias para lidar com pensamentos automáticos negativos e construir respostas mais saudáveis frente ao estresse (Lazarus & Folkman, 1984).
Transformando o Estresse em Algo Positivo
Aplicar essas práticas de maneira regular ajuda a transformar o estresse de algo desgastante em uma força que promove crescimento. Quando nos sentimos preparados para enfrentar situações estressantes, desenvolvemos confiança e resiliência. A capacidade de gerenciar o estresse melhora a qualidade do sono, a saúde física e a disposição mental, trazendo um impacto positivo em várias áreas da vida.
Portanto, Não devemos demonizar o estresse devemos observar usa da forma positivas deve mudar relação que temos com ele entender por que ele vem como ligar com espero que nesta jornada você agora consiga lidar melhor com seu estresse. sempre lembre não tenha vergonha pedir ajuda caso estresse impacte diretamente sua vida não tem medo buscar ajuda profissinal
Referências
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